Depois de ver um vídeo do Toquinho em que a "aquarela" é cantada e mostrada com a inocência que se deve ter diante da vida, deu-me vontade de escrever algo a respeito, relembrando coisas tão simples e que a aquerela retrata tão bem.
Existiram, existem e sempre existirão crianças. Claro que cada uma em sua época e com seus valores. Entretanto se percebe que atualmente parece que a inocência que havia há alguns anos ou foi, ou está sendo perdida.
Uma pena que as crianças de hoje já não sejam tão crianças... é a era daquilo que chamaria de crianças cibernéticas, que desconhecem o valor de se empurrar uma calha de bicicleta impulsionada por um pedacinho de madeira; de se jogar ferrinho nas calçadas, em que o prêmio eram as castanhas de cajú do colega; em que desvirar as figurinhas que comporiam o álbum era motivo de festa e choro; de se brincar de "mancha" à noite com os colegas; de se tomar banho de rio, pulando de uma árvore pra ver quem mais fazia respingos e borbulhas n'agua; de se jogar pião na calçada; de se jogar peteca na "quadra" buscando-se sempre a de alguém, só pra saneá-lo e se quebrar a peteca dele - "peteca" - os meninos de hoje nem sabem o que é, chamam de bola de gude - o que é gude, mesmo?; de se jogar bola de meia, feita por nós mesmos, por falta de dinheiro pra se comprar coisa melhor.
Época que o tempo levou e jamais voltará... Hoje, os meninos jogam - muito, aliás - no computador, no video game, nos campeonatos virtuais. Quem imaginava, há alguns anos, coisas assim, até orque nossos pais não podiam nos dar estes "confortos" e maravilhas da modernidade.
Entretanto, percebo que nós, dos anos 70 e poucos e 80, parece-me, éramos muito mais felizes. Vejo as crianças de hoje, cada uma vivendo no seu próprio mundo (vejo isso em meu filho de seis anos, que tem pouquíssimos amigos e que prefere o computador, o DVD, a TV - quem de nós a tinha?, raros eram os felizardos - a qualquer outro tipo de brincadeira - o menino é metido a intelectual), sem aquela confraternização, sem aquele alvoroço e confusão que havia no contato com o outro... E era tão bom! Até parece que vivem em universos distintos.
Naquela época, jogava-se bola nos campinhos da vida - de várzea, e várzea, mesmo - enlameados, cheios de terra, em que o que mais havia eram pés e pernas machucados, sem chuteiras ou qualquer outra proteção. Até bola, hoje, os meninos aprendem a jogar, na "escolinha de futebol"; não sabem o que é caçar de "baladeira" (alguns, mais metidos, chamavam de "estilingue"); praticam esportes como: judô, caratê, tae-kwon-do. Para nós, isso só nos filmes do Daniel Boone ou do Bruce Lee, em que viajávamos querendo ser como eles. Os meninos, de agora, nem os conhecem ou sequer ouviram falar deles - uma pena - HAHAHAHA!!!!!
texto escrito pelo meu amigo professor paulo tadeu